sábado, 18 de dezembro de 2010








LUÍS NORONHA DA COSTA e O CREPÚSCULO DOS DEUSES


Este pintor não me sai da cabeça. A sua obra tem, para mim, uma carga evocativa de tal maneira poderosa que, olhando para os seus quadros, sou imediatamente transportado em pensamento para mundos outros, e sou assaltado por angústias, alçado por alegrias. Sei cá eu, o que eu sei é que os seus quadros me fazem partir.

Há, então, uma série que adoro particularmente, chamada "Mares Portugueses". Aqui o mar é de facto aquele que nos matou milhares de homens ao longo da história - um mar escavado, dramático, com negros profundos, revolto, sem planos, pois surgem nele, misturados, elementos das profundezas e a espuma da superfície. A ilustração perfeita para uma História Trágico-Marítima. Aliás, o compositor Luís Salgueiro escreveu há pouco uma sinfonia intitulada Os Lusíadas centrada no tema da viagem; ou seja, escolheu do grande poema épico alguns episódios da viagem do Gama. Essa obra foi gravada e a capa do CD mostra precisamente um dos quadros dessa fabulosa série. Dentro de alguns dias colocarei aqui um excerto dessa Sinfonia, bem como a capa do CD. Isto, se a tal me ajudar o engenho e arte, pois confesso que nesta coisa de "postagens" não sou perito.

Tenho a felicidade de ter na minha sala um quadro de Luís Noronha da Costa, o que se vê acima. Há uns meses visitou-me o compositor António Chagas Rosa e, apenas entrado na sala, olhou para essa obra e saiu-lhe, espontaneamente: "O Crepúsculo dos Deuses!" Parece que a obra de Luís Noronha da Costa não tem poder evocativo apenas para mim!

Aqui fica esse "crepúsculo". Tomando como chave um verso de Keats (A thing of beauty is a joy forever) partilho convosco a alegria!

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