sábado, 18 de dezembro de 2010


O SÃO CARLOS EM BRASÍLIA

Estive há pouco tempo, de novo, em Brasília, cidade Património da Humanidade. Ali a arquitectura é rainha. O Palácio do Itamarati, a Catedral, a Praça dos Três Poderes, o Museu Nacional, o Teatro Nacional e a Igreja de João Bosco são de visita obrigatória. Bem como o grande mural de azulejos de Júlio Pomar (para mim uma das maiores representações gráficas do conceito de alegria que conheço) que ali foi colocado por iniciativa do pianista Adriano Jordão, Conselheiro Cultural da nossa Embaixada no Brasil e Director do Instituto Camões em Brasília. Está na Praça de Portugal. Qualquer dia colocarei aqui imagens desse maravilhoso painel.
Quando estou em Brasília nunca esqueço a minha primeira visita a essa capital, em 2005. A Rádio Cultura daquela cidade convidou-me para ir lá realizar uma semana do meu programa Ritornello. Foi uma experiência fantástica, pois o programa era transmitido em directo para Portugal e para todo o Distrito Federal no Brasil. Entrevistei na ocasião variadíssimas personalidades, uma das quais o arquitecto Oscar Niemeyer. Não resisto a contar um pormenor engraçadíssimo. Perguntei-lhe eu, a dada altura, em que é que a arquitectura pode ajudar a Humanidade? A resposta deixou-me absolutamente boquiaberto: - Ajuda nada, menino! O que ajuda a Humanidade é virmos todos para a rua gritar vivas ao Irão e chamar cabrão ao Bush! Recordo que os programas eram ... em directo!
E estou a escapar-me da história principal!
Estive pois em Brasília na segunda quinzena de Novembro passado para comissariar, com o Fernando Carvalho, uma exposição sobre a história do nosso Teatro de São Carlos, a luzinha dos meus olhos! A exposição era constituída pelo meu acervo pessoal de programas, fotos, cartazes, gravuras, partituras e livros, e por uma série de caricaturas de cantores de ópera que me foi emprestada pelo Osvaldo de Souza. Fez-se na exposição um núcleo dedicado a Saramago e a Azio Corghi, tendo o compositor escrito um texto especialmente para o vento.
A exposição inaugurou e, confesso, não despertaram grande entusiasmo as fotos e os programas autografados de Callas, Schwarzkopf, Tebaldi, Cossotto, Knappertsbusch, Kempff, Fischer, etc. Mas, eu quis também homenagear Amália Rodrigues, pois a cantora apresentou-se em São Carlos, e decidi fazer do último dia da exposição uma Noite Amália Rodrigues.
Foi a enchente! Os brasileiros compareceream em peso, apaixonados, e ficaram a ver, e a rever, um concerto efectuado em Tóquio.
Esta disputa entre Amália e as líricas recordou-me, obviamente, uma deliciosa caricatura que o Zé Manel fez há uns anos e que me ofereceu. Ela aqui segue. Divirtam-se.


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